quarta-feira, 20 de maio de 2015

A reza forte impressa na mais doce sutileza de Lorena Chaves



Nunca fui de escutar músicas religiosas, fossem evangélicas, católicas ou melodias de outras doutrinas, até que um dia, sem querer, me descobri fascinado por uma cantora do gênero subestimado.

Na verdade, de início, tudo não passou de um engano. Eu já tinha
ouvido falar da Lorena Chaves, ex participante do reality Ídolos e até
acompanhado algumas performances disponibilizadas no Youtube.
Passei por uma livraria, vi o disco dela na prateleira, achei a capa
bonita e voltei pra casa. Dias depois, a curiosidade atrasada veio me perturbar,
e lá fui eu baixar o CD da capa bonita. Paixão à primeira vista!


(LORENA CHAVES, Lorena Chaves. Livraria Cultura - R$24,90)


É daqueles que você dá o play e, quando menos espera, o disco acaba e te induz a apertar novamente o botão. A sonoridade é alegre, jovem, até passa por despercebidas algumas composições melancólicas.


(Ficar parado em frente ao portão não faz seus pés tocarem o jardim/ Os passos que o levam são os mesmos que retornarão/ E você fica aí, tentando imaginar como seria do outro lado/ Por não querer perder de vista o que não se perde por esperar. A deixa de evitar o inevitável é viver na plenitude/ Abra o portão azul da casa mais bonita/ Olhe para esse jardim, as cores das flores tem cheiro de paz aqui/ E todos são crianças, sem medo e sem lembranças da cidade/ Busque enquanto é tempo de buscar/ Enquanto o sol ainda nasce/ Enquanto há por onde andar/ Enquanto a música ainda toca/ Venha ver o jardim da casa do portão azul"


Depois de ouvir algumas vezes, fiquei tentando entender as metáforas da música, tentando imaginar quem seria a garota ou garoto por trás desse tão citado "portão azul". Até compreender que era do céu que Lorena estava falando. Chocado com a sutileza da mensagem, que não se fez compreendida até por um ouvinte atento como eu, fui buscar informações à respeito do disco no Google. Não deu outra. Realmente é um álbum que fala de Deus.

Vi algumas entrevistas onde a cantora afirma que
não gosta de se rotular, portanto, não define um gênero para
as suas músicas. As melodias são inspiradas em grandes influências
de Chaves, que cita Los Hermanos como uma delas.


"Faz frio na cidade/ A porta entreaberta/ Feche o que pode pra se aquecer e esquecer/ Apaga a luz, só quer ouvir a boa melodia/ E fazer calar tudo o que passou/ Toca o telefone, atende/ Não sabe o que dizer? Escreva, então/ E do outro lado está alguém que perderia horas pra te ouvir falar/ Mesmo se não houver palavras ditas, há quem escute o seu lamento sem precisar dizer/ Deixa a luz entrar pela janela/ E te mostrar que a esperança está à procura de um par."


No decorrer das faixas, é perceptível as autorreflexões de Lorena, que por muitas vezes parece querer se corrigir de pensamentos tolos e costumes vazios. Essas características são marcantes das canções "Memórias de Um Narciso" e "Admirado Lamentável Cidadão".



O disco, lançado em 2013 e trabalho em turnê pelo
Brasil inteiro até hoje, é uma aposta da Somlivre. Lorena
continua compondo e, recentemente, divulgou uma nova
música chamada "Dança" - que em breve terá espaço aqui no
VM".

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