Quando eu escutei pela primeira vez a pernambucana Clarice Falcão, soltei de imediato: "quem é essa que está tentando imitar Tiê?". Foram suficientes mais umas duas canções para eu reparar que a semelhança com Tiê se limita apenas ao timbre e a doçura do acústico feito pelo violão da cantora, pois Clarice tem criatividade e originalidade para dar e vender. As músicas dessa mocinha beiram o ridículo máximo do amor possessivo mas fazem os ouvintes sentirem vontade de abraçá-la e consolá-la.
Letras belíssimas, originais e divertidas estão escritas aí embaixo, e vocês estão proibidos de não escutá-las com toda a atenção do mundo. Garanto: vale muito a pena!
(Macaé)
"Se eu tiver coragem de dizer que eu meio gosto de você, você vai fugir a pé. E se eu falar que você é tudo o que eu sempre quis pra ser feliz, você vai pro lado oposto ao que eu estiver. Eu queria tanto que você não fugisse de mim, mas se fosse eu, eu fugia. Ei, vai pegar mal se eu contar que eu imprimi todo o seu mapa astral? Você foge assim que der, quando souber? E se eu falar que eu decorei seu RG só pra se precisar, você vai pra um chalé em Macaé? Eu queria tanto que você não fugisse de mim, mas se fosse eu, eu fugia. Ei, se eu falar foi por amor que eu invadi o seu computador, você pega um avião? E se eu falar de uma só vez como eu achei sua senha do cartão, você foge pro Japão esse verão? Eu queria tanto que você não fugisse de mim, mas se fosse eu, eu fugia. Ei, se eu contar como é que eu me senti ao grampear seu celular, você vai numa DP? E se eu mostrar o cianureto que eu comprei pra gente se matar, você manda me prender no amanhecer? Eu queria tanto que você não fugisse de mim, mas se fosse eu, eu fugia."
(Monomania)
"Já te fiz muita canção, são quatro, ou cinco, ou seis, ou mais. Eu sei demais que tá demais. eu chego com o violão, você só tá querendo paz, você desvia pra cozinha e eu vou cantando atrás. Hoje eu falei pra mim, jurei até que essa não seria pra você e agora é. Se juntar cada verso meu e comparar vai dar pra ver, tem mais você que nota dó. Eu vou ter que me controlar se um dia eu quero enriquecer, quem é que vai comprar esse CD sobre uma pessoa só?"
(Uma Canção Sobre o Amor)
"Quando eu te vi fechar a porta, eu pensei em me tirar pela janela do oitavo andar, onde a dona Maria mora porque ela me adora e eu sempre posso entrar. Era bem o tempo de você chegar no T, olhar no espelho seu cabelo, falar com o seu Zé e me ver caindo em cima de você como uma bigorna cai em cima de um cartoon qualquer. E aí, só nós dois no chão frio, de conchinha bem no meio fio. No asfalto, riscado de giz, imagine que cena feliz. Quando os paramédicos chegassem e os bombeiros retirassem nossos corpos do Leblon, a gente ia para o necrotério ficar brincando de sério, deitadinhos no bem bom. Cada um feito um picolé, com uma mesma etiqueta no pé. Na autópsia daria pra ver como eu só morri por você"
(A Gente Voltou)
"Polícias abaixem as armas e troquem carícias, que a gente voltou. Bandidos de gorro não subam o morro, relaxem que a gente voltou. Mas, e se a gente separa? Se a gente para e se parará, para que se a gente para o mundo acabou. Médicos nas UTI's, larguem seus bisturis que a gente voltou. Pacientes a beira da morte, reparem que sorte: a gente voltou. Você que tá no Titanic, parou o chilique que a gente voltou. Não entra na bad, Romeu. Julieta morreu mas a gente voltou! Para que se a gente para o mundo, para que se a gente para, para que se a gente para o mundo, para que se a gente para, o mundo PARA
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