Em meio à carência nacional de bons artistas do estilo rock melódico, esconde-se Megh Stock. A banda, que leva o nome da vocalista, é, na verdade, uma atualização da banda Luxúria, que estourou em 2006 com os sucessos "Ódio" e "Lama", que entraram, consecutivamente, na trilha sonora de Malhação. A mudança ocorreu mais precisamente em 2009, quando Megh e seus companheiros de banda decidiram sofisticalizar o estilo que os consagraram, criando algo inovador no cenário nacional: um rock com uma leve pegada de jazz e soul. Para os críticos, o fato veio como um presente, já para o mercado, o fracasso foi evidente. O disco da nova "era" do Luxúria vendeu 3 mil cópias e o grupo, que antes costumava fazer cerca de 8 shows por mês, passou a fazer não mais do que 3. Uma pena, tendo em vista que o som é de finíssimo gosto. Curtam as 5 melhores faixas do álbum "Da Minha Vida Cuido Eu", da banda Megh Stock.
Ele se Sente Só
"Não se controla quando alguém lhe chama a atenção. Não vê chances de se entregar a uma pessoa só. Seu coração é repartido em pedaços em vão, sua cabeça pensa em conquistar sem atar nenhum tipo de nó. Pra congelar os dedos, só se for por cartão postal. Não quer fincar os pés num amor do tipo mortal, desses que tem começo, meio e, quase sempre, um triste final. Ele quer ser de todas como num eterno carnaval. Mas ele se sente só quando a noite cai, e quando vem o vazio, ele nem sabe pra onde vai. Mas ele se sente só quando a manhã vem, nunca está sozinho mas não quer olhar pra cara de ninguém."
Mãos que Consertam
"Você chegou assim, tão distraído, e me pegou pelos pés, e eu me senti, sem querer, mais forte. Eu te descobrindo à cada história da noite, as suas mãos que consertam, a minha voz desafia o seu sonho. No mesmo dia, eu já sabia o que não imaginava, agora penso nos nossos planos pra aumentar o tempo que já nos faltava. Vem, você melhora a minha vida, meu universo cheio de vampiros, agora posso esquecer as diferenças e mergulhar nesse mar de espinhos. Toda flor tem o seu passo pra morte, mas o que você me faz, me dando todos os sinais de que agora eu acertei? Já perdi o medo de ganhar, pra quem se acostumou com a derrota e se alimentou do medo da sorte. Os meus dias agora passam sem que eu me esqueça que vou te ouvir no final, e aliviar qualquer indício de tristeza."
Sofá Emprestado
"Pra sair desse tormento e te esperar, mantendo meu corpo calmo. Pra deixar o tempo correr e tentar dizer o que eu realmente acho. Não posso te atropelar, nem te pedir pra ficar aí, sozinho. Não sei nem como te falar que, na verdade, quero ter você comigo, pra te dar colo e te ver deitado na minha cama e não naquele sofá emprestado. Daria um pedaço do meu medo pra saber se você tem coragem. A distância entrelaça os nossos dedos pra encurtar a viagem. Como poderia saber se não fosse correr atrás de encontrar os seus perdidos? Já sei que alguém aí já te controla, na tempestade me contento com os seus pingos. Você respirou aqui, no meu pescoço, da janela todos os prédios alí, nos ouvindo. Se eu me escondo aqui, nesse lugar tranquilo, não se esqueça que pro cáos eu tô partindo."
Feita de Papel
"Sempre preciso de mais. Essa coisa não tem fim pra quem não encontra a paz. Como eu que nunca admiti ser fraca e não consigo ir pra casa, mesmo quando estou cansada. Nunca digo a verdade, aliás, sei que o meu discurso já não cola mais. Chega uma hora em que, pra mim, tanto faz, então só penso em correr atrás, porque pouco já não satisfaz. Essa coisa me cega, eu já nem ligo se o dia clareou. Minha cama me espera, eu já não sei mais quem sou. Porque eu me trato assim, tão mal? Será que eu não gosto tanto assim de mim? O não, às vezes, pode ser melhor que o sim. Porque que eu não sou feita de papel? Preciso aprender a me respeitar, saber de quem eu devo me afastar. Um dia posso não voltar, minha cama vai continuar sozinha. Eu não estou em boa companhia, preciso mesmo de alguém que me lembre como é ser do bem, sem precisar me destruir, eu sei lá, alguma coisa pra construir, eu só funciono se alguém me dirigir."
Contra o Sol
"Preso nos seus olhos sem amor. Solto nessas mãos, em aflição. Não me peça tantas desculpas, não quero seus truques, quero seu sangue, suas mãos vazias mas inteiras. Perco-me no abraço, sob a luz. Paro a face dura, contra o sol. Não te peço tanta certeza, embora eu queria tudo o que sinto. Espero... rindo dessa frágil promessa. Fingo que meu riso me acalma. Deito a noite escura e faço festa, tentando não me ver perder, aquilo que eu já sei escapar. Lento com seus lábios sem calor, pálido das noites sem parar. Não escreva versos sem vida, se já não leio meus inimigos discretos."
Sem dúvida uma das minhas bandas favoritas, uma das pouquíssimas bandas da qual posso afirmar que gosto de todas as músicas!
ResponderExcluirEsse último álbum é um estouro, excelente do começo ao fim, mas é triste ver como o mercado trata música alternativa de qualidade.
Pessoalmente gosto muito das letras.